domingo, 19 de maio de 2013

Artur Xexéo fala sobre Giovanna Antonelli.



Certamente serei o último jornalista a escrever sobre o bem-sucedido trabalho de Giovanna Antonelli como a delegada Helô, de “Salve Jorge”. Nesta altura do campeonato, e com a novela recém-saída do ar, Giovanna já recebeu todo o reconhecimento que seu belo desempenho merece. Mas, como quem manda na minha coluna sou eu, vou escrever assim mesmo. Atrasado, mas justo. 

Não dá para dizer que Giovanna Antonelli roubou a novela. Para Gloria Perez, ela sempre foi uma das protagonistas. Se a trama era sobre o tráfico de pessoas, a polícia seria a antagonista óbvia. Se Lívia Marini era a vilã, uma delegada como personagem era sua antagonista natural. Mas, nos primeiros capítulos, a delegada Helô não parecia estar com essa bola toda. Havia mesmo uma subtrama para que, num determinado momento, a atenção da novela se voltasse para ela. A personagem era consumista obsessiva. Um prato cheio para Gloria Perez deitar e rolar. Mas não foi preciso. A obsessão por comprar passou de maneira suave por toda a trama. Helô foi tão forte que não precisou de nada além de sua personalidade para se sobressair. E é aí que está o talento de Giovanna Antonelli. 
Giovanna é uma atriz típica de televisão. Daquelas que conquistam o espectador com um olhar, um jeito de falar, um movimento de corpo. Em outras palavras, Giovanna tem carisma Como Regina Duarte ou Gloria Pires. Já andou rapidamente pelo teatro em “Dois na gangorra”, de William Gibson, um clássico da comédia romântica, em papel criado originalmente no Brasil por Tonia Carrero. Foi em 2003, e nunca mais. No cinema, esteve em projetos importantes, como “Bossa Nova”, de Bruno Barreto, e “Benjamim”, de Monique Gardemberg, e em projetos nem tão importantes assim, como “Avassaladoras”, de Mara Mourão, e “Maria, mãe do filho de Deus”, de Moacyr Góes. Mas foi na televisão que se destacou. Dos tempos de angeliquete, no programa de Angélica na TV Manchete, à heroína de “Aquele beijo”, de Miguel Falabella, passando pela Capitu de “Laços de família ‘, de Manoel Carlos, e “O clone”, de Gloria Perez, Giovanna construiu uma carreira sólida com total adesão popular. Ela torna seus personagens irresistíveis. O motivo é simples: é que Giovanna Antonelli é irresistível. 
A delegada só podia ser irresistível. Era cafona, mas, mesmo assim, os itens que usava no vestuário estiveram sempre entre os que as espectadoras da novela mais se interessavam, de acordo com o departamento da Globo que contabiliza essa pesquisa. Helô não teve nada a ver com isso. A espectadora se identificava com Giovanna. 
Giovanna poderia ir pelo caminho fácil e interpretar a durona, quando vivia uma policial em ação, e a derretida, quando interpretava a relação atrapalhada com o ex-marido. Mas soube dar o pulo do gato: foi derretida, quando era policial, e durona na comédia romântica. 
Musa de um gênero que não tem muita tradição na dramaturgia brasileira _ a comédia romântica _, Giovanna Antonelli teve uma comédia romântica só para ela no meio da trama policial de “Salve Jorge”. Era o espaço certo para ela brilhar. E Giovanna brilhou.

OGlobo

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